segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

não...

não... não... não vai aprender a tocar piano nem flauta
não... não... não vai ler os clássicos de shakespeare nem os de kafka
não... não... não vai entender como se forma o universo nem um caroço de ameixa
não... não... não tem como ser nem queira

não... não vai ter carnaval nem natal
não... não vai motivo nem alegria
não... não vai ter dinheiro nem fantasia
não... não vai ter sorriso nem ousadia

não vai ter coragem
não vai ter nada
não vai dar certo
não é correto

não... não não é verdade
não... não, é vaidade
sim... se ficar parado vai ser extinto
 nada tá certo, mas e aí?
a vida dá cartas em branco
e nada é o mais perto de quando somos iguais
quando?
qual a sátira da estrela da gente?
ser igual e feliz ou ser triste e deliquente.

não, não! não vai chorar com nietzsche
não vai beber nem entender schopenhauer
está muito longe de poder
mas não, nada vai ser.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Da nessecidade ao encontro

oh! vida poética, desde a primeira palavra selou-se a maldição entre a tinta e minha alma, embalsamando os olhos dos seres mais profundos que se alastram em mim. oh! coragem peçonhenta, aquele lugar onde tudo me era razão, agora é incerto e tudo que eu pensava que tinha em mãos escorreu pelo ralo. maldito! maldito seja o amor, pensava eu que amava, mas no crú eu só tinha esperança.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Nossa falta de sorrir

Uma flor mucha vai nascer no teu peito doente. No meio de tantos travesseiros, a dor vai se cansar da preguiça que teu bocejo esboça. Não tem coragem de abrir o jornal e teme que a noite não amanheça
como se já não levantou
você sorriu e não foi capaz, no meio de tanta gente triste
fazer uma boca se abrir, um tanto que seja doce
não faz parte dos seus planos, nem um erro que dê sorte
você sabe mas não sente
se recusa, ainda diz nem tente
porque o amor não faz mais
o estrago que antes doía
o nó que não atava, mas sentia apertar como se pudesser morrer de amor
como se fosse feliz vivendo de madrugada
viver não pode mais sentir, é só desligar o rádio e fingir dormir.

O jardim partiu dentro de nós

está aqui, perto do que nunca partiu
em dois pedaços como o pão dessa cesta
estava alí, tão junto que nem se sentia
o jardim se foi dentro de nós
com ele a toalha do jantar, a mesa...
não se sabe mais onde tudo foi parar
lembranças são dias para rir do que?
íamos alheios ao dia que o tempo não precisava passar
mas, quem vai reconhecer um sorriso quando a chuva começar?
reconhecer como chegar em casa?
num lugar que nos partiu as asas
guardou o refrão no quarto abandonado...
o que será da coragem quando o sol voltar a sorrir?
partiu o desejo em dois corações
depois que se ama não dá pra brincar como criança
as duas lágrimas devem cair do chão para o céu
não podemos mais voltar, a verdade é só seguir
planejar um passo é pisar no futuro
andar em cima de um muro que não pode cair
o jardim pode morrer, mas também pode sair.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ao menos

menos de uma lágrima, com a coragem ao ponto de querer mais
bem mais do que imaginar algo possivel
já desisti de tocar violão
já insisti demais no teu amor, em vão

não quero mais aprender
nem lembrar que quis algo assim
querer é pior que perder
e eu não quero isso pra min

amar é bem mais do que sentir
é um pecado tolo entre artificios e fogos
expor rosto que não sabe sorrir
é pior do que mentir
é pior do que amar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Arqueira

flecheiro, de certo sem cabeça
acuado sobre si mesmo;
cortando o vento em tiras
como se fosse carnaval, como se fosse dia

nada de alvo, nada de sangue, nem se quer um santo no altar
arco sem corda, harpa sem anjo, pedras sem caminho;
antes fosse ar doce barruando nos teus cabelos
antes só fosse vento, não um torneado de flechas no teu calcanhar

sem ao menos embaraços, nem pelo menos um cacho de certeza
flores e flechas na mesma fogueira
a dança do ar ao redor da centelha
a menina quer brincar de deusa, a menina quer ser rei.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

amor fudido


Amor fudido, julgado e lambido
Não há sarda com cores melhores
Tão igual a solidão
Que sá, não se pode esperar
Porque passa lentamente quando se venera
E dolorosamente quando se passou.
Ódio, por que nossa história não vai ser diferente?
Deverá ser nossa última palavra ríspida
Prazer, futilidade ou sexo?
Nada, como se fosse importante
Como se fossemos felizes
Pode deitar na grama, ela ainda é verde.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

um viageiro

Um advento passageiro
Um candelabro de razões
Um olhar fortuito
E a gente se enrola nas permissões

Cantando consigo, desligando o rádio
Ouvindo os tédios das dois mil e onzes gerações
Areia da garganta cospe no tocheiro, apaga esse teu fogo
De viageiro novo, embarcações e orquídias são as mais velhas ilusões

Alegro um pobre coitado, um lado meigo do coração
Ao lado do orgulho moço que as lágrimas esvairão
Junto das mesmas casas, tardes e inudações
Perfídia da vida, tardia e moça

Destroça o homem como a loba que amamentou remo e atormentou meu sono
Como a vaca que deu leite ao viageiro e tacou o sino no meu pomo
Enquanto houver marújos se suicidando no porto
Não teremos nem convés, nem os cascos da distração,então, que dirá sonhos.