segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Um Tronco Senil

Vê aquele assento ali no parque
amanhã estarei ali, sentado, cansado de desviar olhares.
pode ser que esteja admirando as folhas caírem ou mesmo vendo-as crescerem
é, quem sabe.Talvez terei esse tempo.
Esse que em todas as palavras é nítido, não sei dizer se ele me contorce ou me distorce.
Ao menos sei que terei menos interrogações em minhas poesias
a minha fronte já terá sido arrefecida.
A planície para qual todo homem caminha é um peito senil ou uma fronte rija.
Nota que estarei sentado, vendo e não mais sendo visto!
É que talvez todo esse pandemônio pertinente a senilidade seja natural a nossa condição
mas quem sou eu pra falar em condição se ajo como um mero condicionador da alma?
É, serei um velho sentado num banco olhando um tronco donde acreditei brotar sonhos.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Poder Indeclarável

Nada restará do amor
Nada caberá em três, a forma una é um par
pálio de flor que nos é manta imantada pelos orixás
páreo pra se retorcer no desencontro

Partes de mim estão em chamas evidentes
o meu gostar é de certo o tecido mais sensível que tocarás nessa vida infame
Se não o queres, decalca teu corpo em qualquer cetim.
Deixe-me para um apache hábil

mas o que eu quis dizer?
a pequenez do meu deboche esvaiu a tua dedicação
eivado de tanto si para ser um par, pra que?!
Razão inútil!
Introversão medonha!
cutícula enfadonha!!
De nada serve o frio se o inverno se insinua acabar
e a quase nada me valorarei se persistir nesse arrefecimento
Não velarei o acaso deletério
Todavia, desfiarei fio a fio deste nosso laço
antes mesmo que a matiz o corrompa.

A primeira vista

A título de que vais querer tirar minha malemolência?
é preciso que me leve a morte ou mesmo a um renascimento;
Uma simples continência não basta!
uma vil aparência não basta!
uma carne crua não basta!
atire direto na fronte de tudo impassível, impalatável e enrustido;
Depois que me responderes a questão vulgar sobre o que é a vida, pensarei em desprender do meu corpo gestos insólitos, porém nada além do normal.
Quem sabe assim poderemos renunciar a si mesmos num caminhar livre da truculência moderna.
Daí estarei livre da dúvida que arrefece meu tempo. De qualquer sorte, saibas que a minha luz é mais volátil do que a da lua e nunca estarei disposto a modelá-la, quiça sair de órbita. Logo, a custo de que queres me destruir?

domingo, 21 de agosto de 2011

A planície da fronte

Guardei teu olhos ao lado do criado-mudo, e não foi à toa; Desde já nem as broas são mais palatáveis, quiça teus olhos, que ao lado do criado-mudo guardam a vertente da minha descomposição; Aguçados e lépidos; Foram levados aos prantos como quem já sem vida é posto no patíbulo; eivados de mansidão apenas tornam as gavetas mais abruptas; Logo, não disfarçam mais a privação, arrastam para si as alegrias impassíveis de dúvida; Mas não foi à toa que lhos deixei minguarem; Após delinearem minha fronte como uma planície suscetível a afeição à alegria, nada foram senão salutares e logo dispersos; Para tanto, resguardei para lhos este aprazível lugar. 

sábado, 20 de agosto de 2011

Entre, evite ceder ao cingir a fronte
Deixe aqui, a luz de dois, depois dispare porta a fora
entreabertos,

domingo, 7 de agosto de 2011

Lenços jogados ao vento
para de tempo em tempo, a areia subir a crina no intento
de um par de olhos nos encontrar
de um par de olhos ficar a par de como fomos parar
no meio da chuva pra escoar o brilho dos olhos num copo

Que esse teu pegar é suave
enxugando os olhos em cada parte do meu pano
quisera ficar enxuto, alheio as contrações da tua fronte
mas cada vértice sutil tira mais uma gota de sangue
quer brilho a todo custo, quiça lágrimas infames
é  amor, essa disfunção dos olhos.

sábado, 6 de agosto de 2011

versos insidiosos

Quão inútil são minhas palavras?
qualquer empenho em imprimir nelas tristeza ou alegria é torpe,
é insidioso pois dificilmente verei as lágrimas delinearem meus versos no momento em que são lidos.
a vocação que canalizei pra essa tarefa é um roubo, tirei energia da vida com um caco de vidro no pescoço da morte. Nada de fato foi inscrito na pele, quiça circunscrito na carne.
São apenas delongas e mais delongas dessa falta de vinculo com a coragem
e ainda que minha virtude não esteja no meio, nunca poderei me desprezar!
são realmente inúteis(quisera dizer soturnas)
chega. a sorte por hora é do sadismo alegre.