sábado, 31 de março de 2012

O homem e o papel

O homem só precisa se deitar sobre a página da pele
Sobre ela debruçar aquelas memórias que não foram céleres
Precisa muito mais que isso, necessita revivê-las nos alqueires da alma

É, ele precisa ser doce, mas não muito, senão adoece
É bom ser, porém na medida certa...
E de acordo com aquilo que nos apetece

Permita ao homem a alegria de se decompor em papel
Contudo, não deixe em suas mãos muitos lápis coloridos
Para que ele não se perca ao se permitir, há muito tempo todos eles são introvertidos
A maioria só sabe limpar as cinzas desses papeis, outros só usam-os como lençol, e a minoria sabe o momento certo de jogá-lo no lixo para que se cesse a brincadeira.


 

terça-feira, 13 de março de 2012

sexta-feira, 9 de março de 2012

Púlpito

   Querido, permita que eu suba no teu púlpito, e que recite a necessidade de prospectar todos aqueles ausentes, presentes e indiferentes ao que minto. Na verdade, quero contrastar o doce com o veneno, a moral depurada com o Deus do conveniente. Permita-me ser tolo, ou ao menos, não me negue o seio como respaldo da alegria.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Passada a sociedade a limpo, compreendo a sociedade alternativa que Raul exaltava...

segunda-feira, 5 de março de 2012

A forma

A forma una é um par
Mas dois talheres não compõem etiqueta, o mais belo não temos mãos pra segurar...
a forma una é um par, um casal nos pés da mesa de jantar
A forma una é um par, se mais de um vem à baila é pra vivificar a solidão, e depois estaremos novamente a sós, com os pés juntos no salão.
De que vale a forma, se o pão é insculpido no corpo, e o atrito do cetim haverá de fazer assar o dorso
E o mel não se fará sozinho, pois nesta colmeia há incontáveis subalternos, produzindo em nome do deleite daquela que por condescendência do destino nasceu entronizada.
 Rei, rainha da destreza, verte teu trono em usufruto do novo
Verte tuas pernas ao meu encontro, porque a forma una é a avença do nosso pulsar.

Mercado das flores

Venho a ti propor um dique a tua impetuosidade
De imediato, suponho que propor não é o bastante
Pois ainda que esse nosso sentimento seja longevo, ele não é raro (caro)

Venho a ti após antever nosso desatino
Subornar sua ala mais fraca
Prover seu alento

É, você já notou. Hoje levantei quando o sol estava a pino
E por isso, por hora, não consigo me cingir a olhares
Acordei tarde porque fui dormir tarde, e isso tudo devido à minha ida ao mercado das flores. Lá fui comprar um cinzeiro para flores as  quais não posso sentir o cheiro, e que, assim como nosso pobre sentimento, não posso mais prover-lhes a subsistência.

quinta-feira, 1 de março de 2012

   Não há baú, nem aquele encantado, que tenha espaço pra o que há dentro de mim.
Não há um canto vazio no meu quarto.
-Dois passos pra qualquer lado, meu bem... terás logo que sentar no que por acaso a imaginação permitir.
Não há papiro, nem papel, caneta ou pincel pra descrever o que sinto. Meu quarto mais parece um espaço cenográfico, reservado pra que minha dor não caiba na cena do momento. Está cheio de souvenires, miçangas, velas aromatizadas, poemas sujos, embalagens de biscoito e uma vontade imensa de jogar tudo no lixo. Para então, ver na mão da cartomante, a carta da morte, o signo da renovação.
   Meu ar mais parece um ultraje a culto, a um credo e ao Deus do sol. Enquanto que, as paredes do meu quarto denotam minha imensa desilusão com pessoas que não sabem que certas palavras inibem o olhar despretensioso.

Peito amigo

À frente de quaisquer coisas desse mundo incerto, sabemos de algumas que embora relativamente incertas nos fazem assentar nossa esperança surrada no peito de um grande amigo.