quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Olhos a divagar

E arrastou-me até a lábia
roubando meu ar com uma sutil guarnição
conservando meus olhos com mãos
nada pôde ser senão uma criatura minguada

As mãos já estavam caladas, os calos impediam os afagos, as garrafas na calçada
e meus olhos definharam na espreita de ver tua dor ser lustrada
teus móveis antigos sujam a sala, não dizem o sexo do amor contido na tua casa
pois que teus olhos que antes em silêncio calava o mundo, agora não fazem se quer a tarde



 

sábado, 17 de dezembro de 2011

O Palco da Meretriz

Estações esparsas. Calos na fronte. Fugi dos entremeios de resignação abastada, e no meio das atribulações fiz a dança das folhas verdes, imunizado-me pela voz imatura dos verdes de meu coração. Vi verdades, porém por mais que elas resvalassem na minha fronte não podia senti-las, não podia vê-las, pois tudo que via estava nos olhos dela, e os olhos dela não estavam em mim. Doía, doía, dóia... mas foi crucial tê-la por perto, ainda que assim não a sentisse, muito se tem ao redor quando na verdade pouco atrai a sinceridade do nosso íntimo. Doía, doía, doía.... ela pouco atraía do meu âmago, mas muito arrancava abruptamente, era apenas aquele rosto esbelto que infudia dúvidas sobre o que eu detinha como certo acerca das minhas emoções. Pouco sabia de mim nessas horas, pouco queria saber, apenas perpassava em mim um desejo de grandeza. Todavia, Doía, doía, doía... não sentia, não via, eram páginas e páginas de palavras torpes sendo escritas na minha testa. Nada podia fazer, nada queria que fizessem. De fato, a querida verdade, quis escondê-la de modo que não a visse e nem lembrasse em que mundo a deixei. Extraí de todo meu intelectuo o suco da ludibriação, mas ele não forneceu a meu ser nem iludiu meu coração com o árdil que eu imaginara ter articulado. Doía, doía, doía... porém continuei firme na minha divagação, como uma atriz fingindo ser meretriz de um palco vulgar, não me restou mais artifícios para encantar, e, dessa forma, quis eu apenas dissimular uma mentira que de tão fiel a ela os outros passassem a se encantar, para que então vendo aquilo nos olhos de terceiros eu me encantasse com minha falta de destreza para não mentir, e assim desacreditasse naquilo que me cerca. Doía, eu quisera ver, quisera que assistissem minha dor, mas não quisera senti-la.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O afastamento do afago

Acorda menina, é sabido que aquilo que sentimos é diferente do que sabemos. O afastamento necessário, o afastamento suposto, o afastamento em decorrência das circunstâncias. Ninguém nunca está pronto para perda, rejeição, afastamento, mas tem horas que não precisamos estar prontos, talvez não devamos estar prontos para essas coisas que nos esfolam os olhos, Deus nos fez assim, e nessa horas, devemos apenas fechar os olhos e ouvir a razão que bate continência na rua vazia que perpassa nosso ilustre coração. Se possível talvez dêvessemos até pôr as mãos nos olhos, para que nossos olhos tornem-se impassiveís a realidade que querem ver. Claro que nada irá falar mais forte do que os trovões que apenas sentimos estrondar dentro de nós, nada irá ser mais visível do que os relâmpagos que de tão sublimes nos cegam a visão. Entretanto, há um soneto guardado dentro de nós, um soneto da razão, que nosso ego o guarda quando o brilho dos nossos preciosos olhos se mostram ostensivos, se fazendo então imprecisos para o que as noites exigem de nós. cuidado menina, abri-os bem na hora devida, porém como uma exímia ilusionista feche-os na hora indevida. tudo fica no seu devido lugar quando subjugado sob a voz da necessidade, se não fica é porque falta-nos a preciosa luz da vazão.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

íris

No largo da tua pele vi formar uma íris que pululou já desiludida
Deslindou-me ao tocar a planície que contrapõe minha fronte
Atrás, no dorso dos meus ouvidos pétalas, ponta de dedos, palavras inaudíveis 
E assim vi encrostar na encosta do meu peito um temor amovível...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Embaraço

Primeiro amaciei todo teu cabelo... E então todo o meu estava embaraçado, por circunstâncias fortuitas não pude desembaraçar meu plexo de sentimentos, o que me remeteu a um desadouro dezarrazoado. Não sei dar nome a esse tipo de acaso, mas por não ter quem, procurei um espelho e por não tê-lo em casa, procurei a rua para saber quantas pessoas andam por aí com o cabelo fustigado. Porém, ao sair de casa um pouco tarde da noite, notei um homem sentado embaixo da luz, rapidamente percebi que ele estava de chapéu e pouco se importava de estar sentado na calçada. Resignei-me por pouco tempo, logo me atrevi a questioná-lo sobre o porquê de não se importar em transparecer um rechaçado. Então, ele levantou a cabeça e retrucou-me se eu não tinha alguma boa razão para estar com alguém que não se importar-se em conversar no escuro do quarto, alguém cuja a luz não estivesse sobre sua cabeça e os olhos pouco falassem, por fim ele indagou-me uma segunda pergunta: você acha que eu deveria estar preucupado em apenas transparecer algo que demonstra apenas minha condição de farrapo, isto é, enquanto há você que não consegue ver dentro de si próprio a luz do necessário?! Voltei para casa, e tentei pentear teu cabelo para que então minha luz se apaziguasse, porém após terminar minha obra de arte, sentei-me à pouca luz do fim da tarde, enfim adornei-a toda, mas no clamor da vanglória já era tarde, minhas mãos estavam completamente rasgadas e pouca luz restava do fim da tarde. Apenas chorei, deitei e dormi. Não encontrei nenhuma resposta sensata...

domingo, 30 de outubro de 2011

Alvor

 À luz de toda serenidade, a minha matiz exposta ao sol. Reluzi meu expectro no teu lençol, e recebi uma verdade atroz. teu amor é passado, histerismo fantasmagórico. Perto dos teus souvernires meu alvor desiludido parece pálido.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mera Condição

uma pequena parte chamada peito, já não suporta teus alentos destoados;
uma pequena coisa chamada medo, faz parte da vida, mas lágrimas extremam minha condição, alargam as saídas da alma;
uma sílaba saltara da boca na sorte de ecoar no teu ouvido
como assim? está tinindo no meu tipano, conjução dos gostos, partí-me em verdade e outra parte não sei se gosto, não sei a cor do rosto.
não sei mais porque meu artista triste não quer desencantar o povo;
toda inverdade que escoe pela face com o fim do desembolço de todas vielas que hão de dar no gozo engasgado, de toda razão que como areia ficou incrostada no céu da minha boca, alheio as nuvens esparsas pra que meu coração depurado adorne as constelações do teu céu, que alheio ao véu destituiu o bom moço que ao contrário dos outros não provara honra mediante meras bravatas, mas compunha sonetos com um mero sorriso no rosto.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Vitória da pele

Novo, como se amanhã fosse minha planície de aconchego. Perdido, o elo com minhas cruzes, perdido os mapas das minhas vielas, perdido e a sós com ela. Ansioso, pelo neutralizar de cada sol, por cada volta desse mundo que carrego nos meus pés. Estupefado, aguerrido com o vento que insiste enfadonhamente, em por petálas nos olhos dela, erguendo braços aos ombros dela, permitindo o escambo na rota que me leva ao templo dela. Descente, inibido com a lascivia do bom dia dela. Tudo que for impróprio à natureza dela será desvinculado da minha, pois é, esta renúncia do meu ser é a mais vulgar forma  de amor. É por isso que a venero, amo-a e tornei-me um desterrado.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Cedo ou Tarde

Não sei, mas por enquanto está bom. Ainda que não seja a plenitude da minha fronte, estou gostando, pra não dizer amando já que é muito cedo para tanto. Tenho até medo de brincar com essas palavras relativas ao tempo, e vejo o tempo todo as pessoas brincarem com elas na boca, parece até doce.  Uma coisa engraçada me ocorreu um dia desses, alguém me advertiu que haveria a necessidade de tempo dentre suas necessidades primárias, advertiu-me de forma tão extraordinária que quase compartilhei da mesma necessidade, mas não sei o porquê, não entendo a necessecidade disto. Tempo pra mim é um conceito tão abstrato que aprendi a apreciá-lo de um jeito tão longínquo, da mesma forma e quantidade que aprecio o amor, adimiro-o, penso-o, e as vezes me deixo ser penetrado pela necessidade viver na incerteza, adimito é uma droga tão boa que me recuso a condenar os viciados. Contudo, é exaustivo demais deixar que essas palavras invadam nosso dia-a-dia, isto é, como parasitas em busca de hospedeiros vulneráveis, que querem acoplar o viver a uma dramaticidade infindável. Enfim, me apaixono facilmente por aqueles que amam, porém, dificilmente por aqueles que falam de amor, que dirá, os que blasfemam sobre o tempo. Preciso mesmo, é advertê-los, porfavor quando precisar de um tempo, busque-o de forma imperceptível, para que eu não perceba. E assim dissipe-se de mim sem minha notoriedade, porque não vou fazer questão que você perceba se dou importância ou não. Na verdade, essa vai ser a primeira mentira que vou te contar, vai ser meu jeito insidioso de te tratar, ou melhor, de te destratar. Tolha de mim apenas o dispensável e saia sorrateiramente, assim talvez eu perceba que há algum sentimento na sua atitude e fique resignado. Talvez assim eu finja que nem percebi, e melhor ainda, espero acreditar na minha mentira, embora forçosa, agora sim se faz preciso o uso destas palavras, cedo ou tarde eu acreditarei.

domingo, 2 de outubro de 2011

O princípio da densidade

Nada, apenas um artista do dia-a-dia na solitária luta de fazer cada sorriso um alvor;
Nada, apenas sublimar a alma na grandeza que lhe é nata;
Nada, apenas se portar como a meiguice una da cor de um jardim qualquer: o verde;
Nada, apenas um bom humor vigorante que sobrepuje aquele inerte à sobrevida;
Nada, apenas tudo deslindado pelo nada ufanoso, valorado e abrupto, contudo contido no princípio da consecução da tecedura de uma rosa qualquer com o linho finíssimo da vida;
Nada, apenas que o jardim não se restrinja a frente da casa, isto é, mesmo que esta represente a miserabilidade acessível à subexistência de uma grande massa;
Nada.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Serenidade

"Tudo na minha vida aduz-se na sensível escuridão: o universo dos olhares. Tudo se compraz em profundidade, já basta de vastidão. Estou para ser serenidade."

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A maré dos horizontes

Rema, rema e rema...
almeja a crista da onda
de nada adianta

-Te subvertem!
Clamores, má sorte e um dia após o outro
-Subvertam-se seus...

Abrem-se os horizontes
Lua pontuda, parece não haver maré
Mente, constrói e mente
apenas assim permito ao sol um novo céu.

domingo, 11 de setembro de 2011

O Lobo

Vi teus olhos de cão mufino, no fim da viela um rastro fino
Tinindo, tinindo, mufino.
Ao te ver, caí nos pés do infenso
Logo, fudi-me diante do teu olhar de lobo
como pode? lobo mufino?
É grunindo, apenas um grunido.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Um Tronco Senil

Vê aquele assento ali no parque
amanhã estarei ali, sentado, cansado de desviar olhares.
pode ser que esteja admirando as folhas caírem ou mesmo vendo-as crescerem
é, quem sabe.Talvez terei esse tempo.
Esse que em todas as palavras é nítido, não sei dizer se ele me contorce ou me distorce.
Ao menos sei que terei menos interrogações em minhas poesias
a minha fronte já terá sido arrefecida.
A planície para qual todo homem caminha é um peito senil ou uma fronte rija.
Nota que estarei sentado, vendo e não mais sendo visto!
É que talvez todo esse pandemônio pertinente a senilidade seja natural a nossa condição
mas quem sou eu pra falar em condição se ajo como um mero condicionador da alma?
É, serei um velho sentado num banco olhando um tronco donde acreditei brotar sonhos.


quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Poder Indeclarável

Nada restará do amor
Nada caberá em três, a forma una é um par
pálio de flor que nos é manta imantada pelos orixás
páreo pra se retorcer no desencontro

Partes de mim estão em chamas evidentes
o meu gostar é de certo o tecido mais sensível que tocarás nessa vida infame
Se não o queres, decalca teu corpo em qualquer cetim.
Deixe-me para um apache hábil

mas o que eu quis dizer?
a pequenez do meu deboche esvaiu a tua dedicação
eivado de tanto si para ser um par, pra que?!
Razão inútil!
Introversão medonha!
cutícula enfadonha!!
De nada serve o frio se o inverno se insinua acabar
e a quase nada me valorarei se persistir nesse arrefecimento
Não velarei o acaso deletério
Todavia, desfiarei fio a fio deste nosso laço
antes mesmo que a matiz o corrompa.

A primeira vista

A título de que vais querer tirar minha malemolência?
é preciso que me leve a morte ou mesmo a um renascimento;
Uma simples continência não basta!
uma vil aparência não basta!
uma carne crua não basta!
atire direto na fronte de tudo impassível, impalatável e enrustido;
Depois que me responderes a questão vulgar sobre o que é a vida, pensarei em desprender do meu corpo gestos insólitos, porém nada além do normal.
Quem sabe assim poderemos renunciar a si mesmos num caminhar livre da truculência moderna.
Daí estarei livre da dúvida que arrefece meu tempo. De qualquer sorte, saibas que a minha luz é mais volátil do que a da lua e nunca estarei disposto a modelá-la, quiça sair de órbita. Logo, a custo de que queres me destruir?

domingo, 21 de agosto de 2011

A planície da fronte

Guardei teu olhos ao lado do criado-mudo, e não foi à toa; Desde já nem as broas são mais palatáveis, quiça teus olhos, que ao lado do criado-mudo guardam a vertente da minha descomposição; Aguçados e lépidos; Foram levados aos prantos como quem já sem vida é posto no patíbulo; eivados de mansidão apenas tornam as gavetas mais abruptas; Logo, não disfarçam mais a privação, arrastam para si as alegrias impassíveis de dúvida; Mas não foi à toa que lhos deixei minguarem; Após delinearem minha fronte como uma planície suscetível a afeição à alegria, nada foram senão salutares e logo dispersos; Para tanto, resguardei para lhos este aprazível lugar. 

sábado, 20 de agosto de 2011

Entre, evite ceder ao cingir a fronte
Deixe aqui, a luz de dois, depois dispare porta a fora
entreabertos,

domingo, 7 de agosto de 2011

Lenços jogados ao vento
para de tempo em tempo, a areia subir a crina no intento
de um par de olhos nos encontrar
de um par de olhos ficar a par de como fomos parar
no meio da chuva pra escoar o brilho dos olhos num copo

Que esse teu pegar é suave
enxugando os olhos em cada parte do meu pano
quisera ficar enxuto, alheio as contrações da tua fronte
mas cada vértice sutil tira mais uma gota de sangue
quer brilho a todo custo, quiça lágrimas infames
é  amor, essa disfunção dos olhos.

sábado, 6 de agosto de 2011

versos insidiosos

Quão inútil são minhas palavras?
qualquer empenho em imprimir nelas tristeza ou alegria é torpe,
é insidioso pois dificilmente verei as lágrimas delinearem meus versos no momento em que são lidos.
a vocação que canalizei pra essa tarefa é um roubo, tirei energia da vida com um caco de vidro no pescoço da morte. Nada de fato foi inscrito na pele, quiça circunscrito na carne.
São apenas delongas e mais delongas dessa falta de vinculo com a coragem
e ainda que minha virtude não esteja no meio, nunca poderei me desprezar!
são realmente inúteis(quisera dizer soturnas)
chega. a sorte por hora é do sadismo alegre.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

pesar

O tempo as vezes põe pedra e as vezes põe pena sobre aquilo que penso
O tempo as vezes torna arredio e as vezes torna dócil aquilo que sinto.

últimas vertentes

"Tudo na minha vida aduz-se na sensível escuridão: o universo dos olhares. Tudo se compraz em profundidade, já basta de vastidão. Estou para ser serenidade."

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tolice sã

 Após tantas alucinações com o depois que prezo em demasia, sob os cacos nos quais me ajoelho e agradeço por tê-los e  por poder sangrar alegre nessa minha vertigem egoísta. O que importa pra mim é o amor que tenho pelo que você vai me deixar de bom. Ainda que seja um 'quê' o nosso adeus, vou chorar e em seguida não olharei pro seus olhos nem pros olhos do inferno, irei apenas alegrar-me num lapso ínfimo de tolice. Não trocarei meu guarda-roupas, nem os móveis sob os quais nos iludimos e realçamos a cor da carne, apenas buscarei uma nova fagia emocional que apure ainda mais meu ar de perfeito. Não deveria ter começado pela suposição desse êxito do fim, porém agora que já se fomos(em uma realidade alternada), deixemos que o ímpeto das letras tome o trono desses meus reinos que não têm nada de lineares. Por seu turno, o meio que impetre de mim o que a de belo, o que de feio escondo, o que de carne reprimo, o que de medo maqueio. Entermeando as doses do meu doce sangue, desejo regar o teu poder, alimentar meu auto-controle, e imperiosamente, conservar o meu ar de aspirante a monge puritano. Por fim, nada temo, tornei-me corajoso e ambicioso. A tolice é a carta mais certa, a qualidade mais sensata, o sestro ideal para te amar, quer seja, ou melhor, ora no meio ora no fim.

domingo, 10 de julho de 2011

liberté


     Avançamos no caminho da liberdade? O meios de aprisionamento também evoluíram, de tal forma o que se prega é: “a liberdade está aí, liberdade é poder fazer o que quiser, liberdade é poder comprar o que se quer, liberdade é acolher algo que nos traz paz”. Porém, em que parte do mundo liberdade não é poder? Para que alma do mundo liberdade não é contenção do ser? Para quem liberdade não é comprar uma idéia pronta de alegria? Agora não tenho dúvidas, não sou livre. Estou preso pelas correntes de contenção do meu ser, pelo açoite das imagens lúdicas, pelo poder alucinógeno. Estou farto, mas não deixo de estar tentado, pois não há forma melhor de transpor uma tentação que não ceder a ela e deixar-se ser domado pela virtude tola, a virtude movedora de paixões inúteis que nos leva tão somente a senilidade precoce de nossas almas. Preso eu sou, mas não fico acanhado pelas correntes dos sensos e das cidadanias medíocres.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

O âmago da luz

O sorriso é uma janela de sangue no peito de quem nos quer mal
Tablado escorregadio e farto de enxofre
Lago diáfano, e logo livre pra sofrer alegre ou mesmo cingir-se destoado
potencializar essa hulha-branca é torna-la um sestro sinistro
Cabe à mim maldizer o mundo e escarnecer minh'alma
Infinita trupe de razões sádicas, não me permitem acolher nem tolher o mal
Porém indagam: quem é o porta-voz desse âmago ?
Quem foi até o cume alavancar-me do meu posto são?
à mim cabe os pecados pela infração dos meus horizontes
e a eles cabem traçar com hulha o infortúnio de minhas limitações?
Pobres demônios! casualmente acorrentados pelas liberdades inúteis.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Tolo

Decerto, a insegurança que me passas é o que me acorrenta ao riso
 Faz-me um tolo afortunado sem contenção da libido
Um meio translado do corpo é risco: instinto
Lábio verossímil.
Virtude inaudível
Assume-se aqui o riso extinto em poucas horas do tempo
Temor, tremor, intento
Paixão avulsa e receio alado, um de cada lado do único assento: o amor
Aduz-se aqui nosso único lamento: o tempo.

domingo, 3 de julho de 2011

Moradia inóspita

A senilidade dos meus costumes pertine a introversão do meu ser
 As formas destes hábitos mudos dizem pouquíssimo
Crível é minha capacidade de inundar o tempo
e isso é só aversão as condições naturais do vento.
Temor alheio pela contenção do ser
Terrível fato que condena o fantástico valor daquilo mundano
É triste e nojento
Fui morto na cruz sem antes ver meu coração despejar à contento.
Tive que barganhar minha alma enquanto ela era tudo que tinha
Tive que pô-la a prova enquanto a subjugavam sem valia
Pobres crianças condenadas a educação robótica de cada tempo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Na beira do cadafalso

Beira, sabe-se lá quanto tempo e espaço te falta
Retrair-se ao nosso encontro é despojar sangue num lago de calma
Debruças tua corpulenta verdade sobre meus pés
Lá devo dormir; Lá devo chorar; Lá devo sorrir
E nada mais que um caminhar singelo
Um quinto dia aberto para o tempo errado
Cadafalso interessante esse que me meti.
O sono é a honestidade mais apropriada para o momento
É a senilidade mais chata das que me completam
Deixarei então meus olhos entregues a beira do ostracismo valioso
Ele é tão imperioso quanto um ouro de ladrão.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O livro de pele

Meus olhos apertam o sono ingênuo
Nessas ruas tristes que não cabem meus sonhos sou a morte.
Medo não definiria tão bem quanto o ‘pavor’ de ser amado enquanto se é lido
Sinto-me quase que como um livro de sua lancheira

Grifado com toda sua atenção
Guardado de acordo com seu bel prazer
E embora ainda não tenha acontecido, serei rasgado pelo seu descuido.

Ainda sim, mesmo com todo seu zelo em não mudar uma palavra
O destino certo é a palidez de minhas páginas
Prontas para serem escritas pela mão trêmula da nossa algazarra

Versos mais belos que em outra pele não haverão de ser escritos
 Tempo e atenção em toda pele que cobrir minh’alma
Silêncio é a palavra certa para o fim do livro
É donde começa a balburdia de nossa paixão.

terça-feira, 21 de junho de 2011

a dança dos sinistros


Hoje é dia de sangria
Sangue de fazer brilhar alegria
Sangue pra se lavar na tempestade enquanto a ‘dança’...
É de uma simples sinfonia
 Diluída no silêncio do tolo
Retinida no coração do moço que não sabe quem é
Ou o que fazer...
Pra saber quantos litros de sorriso tornam o clima ameno
Pleno, perfeito pra se ter um sonho
Desses que não tenho desde que deixei minha criança
No colo do destino das lembranças
Para que pudesse dançar sem esperança
E apenas crer que o amor não é tão belo quanto nosso sorriso
Ele basta não ser trágico e guardar abrigo
Para quando a chuva leve começar a engrossar... os nossos... sinistros.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meu amor é o tempo. Os outros são apenas paixões, palavras e outros achados críveis.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O lago dos sádicos

Os olhos beiram o lago da mesmice
teimam em sanar o amor dos sádicos
de nada adianta, brilhar e prender-se as bragas
tolas almas, presas fáceis

Os sádicos do lago cantam no colmo
faróis acesos para  ilustrar a distância
aos montes chegam os súditos
presas fáceis, amantes do sadismo

Hedonismo, nada mais além do éden...
um olho de luz que debruce uma corrente florida
que encurte e cure enquanto trapaceia  as vidas
uma braga florida para ludibriar os ávidos por amor. uma braga, uma esperança, um Hades.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

você e seu amor

"Se você tiver que escolher entre você e o seu amor, você escolhe quem?"


os dois, pois ambos fazem parte da completude humana, contudo, primeiro o amor porque ele não há de perecer enquanto sentimento. é ele tb a forma mais humana de necessidade de transcedência. algo que rompe com a matéria e ao mesmo tempo não precisa de sentido. é apenas uma idealização perfeita, uma ' escultura' que vou reformar para que fique ao lado da minha cama, sempre à disposição do meu desfrutar egoísta. tal escultura, ganha vida quando recria-se ajoelhada ante meus desejos, pois é nossa projeção imaterial de perfeição, aquilo que nunca seremos sós. de qualquer maneira, o amor vai ser o berço da sua arte, onde você se decompõe equanto se recria: vai ser apenas o amor, uma pintura moderna, na qual não entendemos o que é, nem a idéia de ser, faz-se imperioso apenas a admiração da nova e incompreensível obra de arte que nos fascina porque nos submete.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

sangue do destino

Esse corpo solto parece baile de ilusão
os vértices pontilhando o sangue parecem abismos para a fonte
 e se esse corpo é pecado, estes olhos são tristezas certas
abraço: dívida de promessa aberta
só que deixa em questão minha dor
dúvida decrépita da solidão

deixa,  que beijar os pés dessa revolta vai abrir os mares da canção
da alegria na hora certa de cair no chão
e começar a gritar com o céu
que não quer abrir pra no cedo desaguar os diamantes
da minha criatura;
 da natureza

minha flor-de-vida
não se queixe do sol
deita nele, se sentar vai moer o grão de ilusão
vai moer as perguntas desse amor divino
e deixar de crer é o primeiro passo pra ficar a beira da sorte
porque sou nascido do ventre do destino
meu ego é uma crina de cavalo incerto
deslizando na verdade do sertão dos invernos de espinhos

esse sangue do meu amor é suor da carne...
os tristes procuram a dor, enquanto eu procuro o sangue do destino.

sábado, 28 de maio de 2011

As vestes

Que nada sobre, que nada passe
que cada cadafalso seja o lugar de toda resignação
Em nada falte-me astúcia
E que a lógica do mundo seja minha ilusão

Desde cedo deixei de lado as vestes
as joguei na imundice da solidão
 tão rápido foi o lapso que me fez sentir falta delas
certamente foi o frio da mudez

Esta nudez me fez ser o decrépito de sodoma
 inerte ao fluxo da paixão
servente da virtude do fraco
somente compaixão.

Eis que fluí no inverso das palavras que me transcrevem
Minha lâmia cega corroí-se na caverna.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Fome de querer alma
É fazer de grande os grilos que fustigam a calma
Fazer e não deixar que seja feito, ainda que outro o queira e o faça com mais perspicácia
Nesse fazer o que se tem é inesquecível, ainda que bem ou mal, ainda que não implique em nada
Pois o que se faz é simplesmente o mundo de dois seres descalços
onde cada sonho é um passo para morte e uma viga de ilusão
que nos sustenta o imaginário enquanto nega a razão
Somos apenas o quanto seremos expostos
e nada de amor, apenas o quanto.

domingo, 15 de maio de 2011

eis o vértice contra o qual insurjo, contra o qual teimo em bater minha cabeça para que então sangre aos montes o meu ser. É um vértice desconhecido, desencantado e doloroso.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A faca do desatinado

Faca bamba do destino
corte meus pés quando badalar o sino
sou um equivoco da razão
e a loucura é uma palavra pequena para imacular meus erros,
entretanto não sou filho hibrido dela
não posso desdenhar do tempo,
ele corre rente a minha pele quando o sol está alpino.
Faca bamba do destino rasga o ventre desta meretriz
 faça-a romper com esse desdém ingênuo
que de nada vale enquanto venero meus santos
estes que me dão a graça de dar a face como amolador dessa faca sã
para que meus pecados possam ser espiados divinamente ante o espelho.
Faca lúdica do destino encorage-me a ter-te em punho
para matar quem te criou
sem escrever, nem traçar com meu sangue meus passos desatinados.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

introspecção

assassina!
introspecção sanguinária
pousou dentro de mim como uma parasita
mas vive como se não o fosse

alimenta-se de mim
come minha alma
e usa minhas lágrimas para deleite do seu banho

impede-me da minha fugacidade
deixando a reflexão para os meus demônios
pobres coitados!

não fizeram nada para merecer algo pior do que mim mesmo
pobres coitados...
 minha pele é só uma camada indisponível pra dor

caíram num palco ávido por cacos
mas também num infindável jogo de espelhos
enfim, caíram em mim.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

julgamentos

corpos sem idéias
 e rostos como espelhos
julgam para inudar minhas gavetas de tristeza

uma flor está munindo a arma
 atiram com amor nos desvios da minha alma
estes já estão além da beira do abismo

de joelho está meu corpo
implorando calma
de joelho sobre meus sonhos
numa planície sutil encoberta por uma nevóa cor de sangue
que vem da relva dos meus desadouros

abram minhas gavetas arranquem-as de mim
assim terão a verdade
a verdade que construíram sob julgamentos.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Farto de sangue impuro

Estou farto da guinada que me deram
despistaram a rua do meu caminho
descunharam o abraço que embora falso me apertava

Por esta má mudança de curso
tornei-me repelente das causas sem custo
vinguei-me em minha própia alma
mas voltei a ser quem nunca fui

De pouco em pouco recobrei o rosto
forcei minhas mãos à afanarem o adeus
destarte, deixa-me ladrilhar esse pesadelo
encantar os monstros com a mesma delicadeza que desencantei-me no medo

Late logo no meu rosto
bate logo no meu corpo com toda tua sensível virilidade
porém deixe as facas da verdade rasgarem o verbo
ele fará a bonança da alegria sangrenta.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sangue e alma

já provei sangue!
quem não provou nunca sentiu o prazer da taquicardia
sentir-se como se estivesse provando do pior dos vicios
pareceu-me que depois de ter provado eu teria que entregar minha alma ao diabo
e junto com ela todos meus prazeres humanos.
Não irei dizer que tem gosto doce senão vou evitar que quem eu quero não prove
vou dissimular pudor e sentar sorrindo ao lado da artéria que jorra.
 Quem nunca triscou perto da idéia cruel de fazer sangrar um sentimento sensível?
se você nunca, então você não é homem, mas sim santo,  e disso tenho pena de você.
Aí que ardor lindo, que ternura sanguinária esse meu prazer primitivo
já adverti, porém acho que preciso ser mais incisivo: necessitamos mais de carne( e sangue)
disponha das minhas partes mais sensíveis e tente rasgar um pouco de amor ou de rancor
felizmente meu corpo só tem uma parte sensível: minha alma
 dela nunca tirarás sangue.

sábado, 16 de abril de 2011

amor a morte

Ainda sim não inventaram coisa mais certa que a vida
depois de tantos futuros supervenientes
tantas cartas de alforria prometidas

Ainda sim não inventaram coisa mais certa que a vida
pois quem a contesta sabe da sua providência inprecindível
ainda há quem a conteste e esses são os que têm mais amor a vida
afinal querem a morte e querendo-a idolatram a vida


Ainda sim reclamam do meu jeito de brincar com a vida
certos de que há coisas certas
certos de que há coisas erradas
certo senão a vida há a morte: cruel e sádia.

a cura das palavras

Agonia,
preciso adimirar a poesia
do tempo, que tenho que catar no vento as vozes de que tento me nutrir
vejo soberbo os lábios profetizarem o sangue
meus olhos, pobres deles que não podem cantar
nem muito menos nutrir
provar da palavra: a difusão incessante
jamais verão, jamais poderão viver de mim uma palavra
dessa minha introspecção, dessa minha calada falta de tudo
dentro do mesmo tronco a vela acende
e o fogo começa a tocar
queimando-me ao som de valsa
nesse passar desses passos começo a me entreter
inoculando a cura do meu desperço sentimento:
 as palavras no papel
virgulas, cadafalsos e alegria.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Subalterno

Listre as poses do seu ego
assim decerto terás um perfume
arraste para abaixo do inferno um desejo impune

Essa vontade quer esculpir teu seio
delegar medo ao pálido para que morra branco, sem cor.
Deturparemos a reverência estética dos tolos

Destrone o rei, dê o cargo ao súdito
ele se fará em ouro, tocará aquilo que o fizeram sentir
dar-te como prazer a um pobre, use-o como lençol
permita vingar em ti o perfume.

 Rasgue-me os veios d'água
escuta escorrer a continência do que consiste na inconstância
escamas brilhantes destes dias pertinentes
deixem-me sair!

Não quero aparentar
permitam-me usufruir desta fraqueza que me banha
refuta-me as noites de distância do teu seio
livre-me dessa falta que retine minha masturbação intelectual

Quero só perfumar teu seio
implorar-te aos pés do teu trono:
deixa-me ser teu subalterno.

Feliz infâme

Destes olhos não quero falar
de tantos que tentaram ilustrar...
e eram só emoção, porque as letras não transfiguram a ânsia pura

Pobres poetas que não sabem do que tratar
pobres também aqueles leigos em tocar no ventre do leitor
têm as idéias ríspidas como os calos do lavrador solitário
sempre se alastrando com as mesmas palavras

Permeando o sexo com a mesma insuficiência categórica
é preciso mais carne, mais desconexão com o lúcido
jamais saberão a história da minha verdade, ou melhor, da minha felicidade
pois melhor do que a inconstância ela é o plano de fundo gritante, minha infâmia.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

zebra

as duas cores da zebra
o contraste do meu desapego
é um campo de sossego que não me atrai
foi uma flor de papel que fiz pra enfeitar o lago da lis

ela afundou dentro de mim
como tantos desejos que fui
agora sou uma joça

o que fazer quando nada falta ainda que vazio?

é assim que vai soar quando for destronado
assim que reluzo a falta que não sinto
um passo já é passado e o que penso será meu reinado
é meu contraste, minha sina.

quinta-feira, 31 de março de 2011

a negação do amor

Disponha da parte de mim que mais lhe toca
contanto que me faça menos triste
pode entender-me como um ócio prazeroso
aquele que vai estar te sentindo quando você estiver dissuadido
 toma em mim e retoma em nós o gozo da alegria agoniante
 deixa esse mar chato ficar sozinho, faça ele morrer!
antes que entardeça, antes que o efeito passe;
poucas pessoas conseguem acompanhar meu rebuliço interno

e para mim não importa o que você sente, porque no final eu vou dizer se você perdeu sem me importar com suas lágrimas, que são apenas uma projeção de mim
pois se for consumado, faltará em ti a satisfação do meu prazer
minha fome que fazia você se sentir desejado, comido;
amor é uma falta de percepção
de mim só terás sorrisos
contanto que não me faça sentir o tempo
não me faça entender
e imperiosamente, provar-me que ser feliz é então relevar os momentos tristes.

terça-feira, 29 de março de 2011

Diz-se amigo aquele que dizem ser amigo

se o mar às vezes muda, sempre haverá um lunático pra dizer que não, um pescador pra afirmar que sim e um sábio(a) para explicar o porquê, além de também dizer um modo mais razoável de se navegar nesse mar mesmo que ele seja apenas um fastio derivado e à deriva de um completo imaginário, estagnado na terra e suspenso por tantas tempestades, que ao ver o sol não acredita mais na luz, passando a queimar-se por não ter mais coragem para dar um passo além de si. Esse sábio é a coragem que empurra o fraco passo a passo, até ele poder dar suas passadas autonomamente, mas não sozinho. Diz-se sábio, então diz-se amigo.

quarta-feira, 23 de março de 2011

cabritênha

aos olhos de alguém que vê e não sente. você é só uma imagem, podemos dizer que até retorcida. porém aos olhos de quem você entusiasmou e depois partiu, você também será apenas uma imagem, mesmo que julgada como uma figura alegre. Infelizmente a maioria dos olhos que te cercam não querem ser cercados pela força alegre que me faz chorar, porque agora sou fraco, e só posso ti ver como uma imagem e não ti abraçar com todo seu entusiasmo. minhas lembraças são inexpressíveis, não adianta me alongar mais, afinal você mesmo calada diz tudo.

sábado, 19 de março de 2011

requesting you

send a request to my chest
ask to the mailman to hit my heart up
so, my afraids are vanished
so, my mouth was opening sadly
but now, we got that we already known, we always kidding
therefore everything you believe is all that i need
to breathe and walk instead of got a reliefs
everyday i wake i feel your smell came on the air
and it isn't the flowers, it isn't a dream cause ain't alone as my thoughts
i merely want screaming on your chest i'm not wondering more
i'm in a sweet dream.

sábado, 12 de março de 2011

ainda falta pouco

foi por pouco, quase vi passar o tempo
mas quando quase ainda era tempo
daí fiz um íntento para disfaçar o susto
aí foi por pouco, quase me perdi numa página em branco
que infelizmente já estava escrita com palavras alheias
foi então que vi, letras borrando sonhos
 lugares tão tristonhos que nunca desejei
faltou tão pouco que quase me viciei
desdenhei e me dei por vencido
ouvi um sopro ardido do mundo
e então deixei-me cair num chão macio
para sentir o corpo ainda quente
o sorriso ainda mucho
as palavras ainda nos dentes
trincaram-se o chão, os dentes e os sonhos
abriu-se o inferno colorido da vida roxa
com os dois pés mais cansados do que a boca
que tanto fala de coisas que não se pode ter
vou vestir-me das minhas lembranças
cair da cama como se tivesse esperança
para um dia pensar em viver.

terça-feira, 8 de março de 2011

tinindo no peito

nunca vou estar no mesmo lugar
porque talvez eu esperasse que você voltasse
mas você sabe que não sou fácil de acreditar
mesmo que me fizesse acreditar sozinho, não sou forte pra suportar
ainda que você me cuidasse no seu ninho
você sabe, não consigo me acomodar
dificil é não saber pra que lado olhar quando não se está sozinho
porque os olhares doem como a lágrima que ninguem vai chorar
como se egoísta fosse pensar sozinho
como se mal fosse agir sem pensar
ainda há um ninho, há as flores, mas acabou-se o tempo para as dar
e por que ainda compro? por que ainda canto?
por que ainda penso em me dar?
doce fosse como árduo esquecimento
lento como o prazer do não cingir a testa para espreitar que não tem ninguem vindo
a festa pra fazer a surpresa no sorriso de quem estava vindo
não tem jeito, também não tem mais peito para me deitar
não tem luz, também não tem manhã para caminhar
divertir, com o calor de gostar de alguem que entendeu sua tristeza
alarmou com charme sua alegria
mas fingiu ser amado como uma vadia
brincou de casa quando nem podia
me fez ir ao carnaval quando nem era minha fantasia
fez de mim feliz quando se fazia
foi sacana, mas era lindo quando não doce
que enchia minha boca de poesia pra se dizer sozinho
enquanto se fazia
era vento que se esvaia suave mas chegava forte
que fim! porque ele se fazia enquanto me desfazia.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Fatigado

a rentabilidade das minhas atitudes
custam-me a luz dos meus olhos,
a pouca coragem dos meus sonhos,
a cor que em mim é rara

quando a tive, fui rapidamente retalhado
fatigado ao intento da dor complexa
furtam-me até os lapsos de alegria,
de alergia ao inexato

dão-me por entrelaçado na escuridão
nem se quer aludem meu desprendimento fortuito
não desfrutam do amor no seu molde singelo
são podres por dentro e por fora.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

bobo

Escrevo nas entrelinhas, mas não consigo saber como lê-las
posso te dizer que espero, mas não até quando ou de que lado
te pergunto de que riu? de que rio?
 me pergunto a que nascente você nos transviaria;
vejo do pátio, brinco com o laço que te agrilhiona
a demora não tem graça, me desvia esperar a mão largar do teu receio
temo, temo não perder o teu tempo no meu vão
como uma lembrança a ser gasta nas palavras mudas do anseio
ateio fogo com a coragem de arder
medo bobo da vontade de prazer
você.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

contravenção

No patíbulo meu deus
condenado pelas minhas fraquezas
dado o nó fez-se a epópeia 
vítima rara de incompatibilidade social

prostrado e atenazado sua alma na sua alma
destarte pulula a serenidade do ser
cópula da disfunção humana e da dinvindade atroz

poeira da vertente lúcida
homem de pouca fé
amor e morte

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

agonia e alegria

as palavras parecem ser feias
como tudo que cerca essa mesa
como se tudo não fosse pra ser
como se tudo me fizesse crer que não sou o bastante
mas eu perdi meu ar de querer
não foi só a primeira vez, mas mais que a esperança podia suportar
bem, ainda não perdi a ambição
ainda não perdi a dor
tenho as letras pra ti falar
que não há nada melhor que suportar
pois um sorriso quando é, tem bem mais alegria
uma lágrima quando cai tem bem mais agonia
um amor quando nasce é bem mais que uma vida é uma prisão feliz
então deixa o dia passar sem deixar o tempo correr
não há, não há, é mais pelo sucesso que pelo amor
mas não há amor em min, não sei do que sou capaz
continuo a fazer, a criar, a morrer
por fim, não! não! quem quase vive não morreu, é mais vivo do que aqueles que dizem estar felizes.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

keep you in lover's past

O amor já foi uma palavra bonita
daquelas que marcam como ele
tendo sempre aquele gosto de ambição
disposto à transtornar os demônios
e então gostar da vida...

O amor já foi menino
 daqueles que ajudam à elas
levando sempre uma mentira no sorriso
supondo vigorar feliz estando desperso
e então foi a vulgar alegria que deu cor a vida...


O amor já foi, mas não era presente
confiança é a pior chaga que ele carregava, que nós criavamos na nossa pele
suprindo a demência do ego, demasiada pobre
e essa pobreza não leva a essência.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

lover

paixão
homem prendado como a delicadeza
intromissivo sem muita permissividade
 atento ao insulto de um pequeno lapso
insento de muita compaixão
contudo transpira a face da contudência de um sorriso
suave
lamparinas verdes ao lado da banheira
esparsso sobre as ambivalências
sopro de razão enxuto como o ar da ambição
seco, mas úmido pelos olhares
paixão, tarde e lúdico

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

alegorias impróprias

estou sentindo a ambição alegre das manhãs
não estou dormindo para poder vê-las acordarem suaves
cada uma cheira como deve
como seria se não fossem frias?

confundindo a libertação da sensação de ouvir-las
sentido livre por enquanto, mas preso por fora
pelos olhos que não querem juntar as alegrias
 juntar as agonias de quando não querem se fechar

tem muita alegria em poucos desejos
tem muita alegria em poucos motivos
tem muito alegria em muita agonia
juntar-se a min diminuirá essa tua alegria imprópria.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Travessa

belo talvez só fosse um nome pra se dar aos filhos das amantes
que pouco se cansam na travessa da alegria
elas cativam essa voz como açucar que vai melar a boca do copo
que vai beijar a boca da noite, que vai brindar o encontro do cedo
na harmonia do medo, na maestria do amor
que nada tem a ver com esse conto de amantes
apenas luta com a pena do poeta, alfineta no chápeu do petulante
em nada tem o viver lá na travessa dos moços da alforria
que as estrelas foram soltas no céu, da agonia vem os gestos pulando da roupas
dos meninos que primam pela tristeza no peito
da amada que guia os pratos e os novos meninos na travessa das belas.

desnudado

O descontentamento me provocou o instinto, dele jamais posso escusar parte da meu cosmo. É na mesma fonte que me alimento, a mesma que me tomba, pois posso tentar entender-la, mas ela é corrente, chega até min com um furor estupendo, passa por min resplandecente e evacua de min sublime. ela jorra de um vaso que não foi criado.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

faça-se em mente

solver os livros em entrelinhas
pra escrever a entonação que se perde
por entre os ares sem jeito
de caber nos lares do peito
de toda essa vida que não posso deixar morrer

como os sonhos por detrás do armário
 são brinquedos esquecidos
deixaram de dar prazer
no que agora a cama dar lugar
mas por que ainda perguntam:
quem é você?

eu sei dizer blá blá blá
já sou o homem que quero, só que não quero ter um filho
talvez ele possa não me entender assim como os olhos dizem
podem até estar certos, mas não podem tirar meu prazer de apertar na mesma tecla
desse piano... de tal engano que não estou afim de chorar

já basta, não vai descer
recuse-se do seu própio porque
meus filhos não vão ouvir está merda
guarde no fundo do seu antiquário.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

pensamento à respeito da acomodação

a maior revoluçao dos nossos tempos é a de modificar-se sem perder a formar, dúvidar e continuar tendo fé, errar e continuar errando, eis que estou viciado numa mesma tecla, mas dela tiro diversos tons.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

solstício

o chão, o sol, a rua, a flor, o céu
tenho que suprimir
o jardim, as estações, o caos, a pluma
tenho que suprimir
as frases, as fases, as cores, os sonhos
tenho que suprimir
o amor, a fé, a dor e o solstício
temo não poder suprir suas ausências
não cabe mais vasão no meu ocultismo
abrande o sétimo sentido e depois conversamos sobre desenganos.

Rabisco da alegria

não me impeça de fingir que quero
porque ao seu lado sou suave
sou a dúvida da sua mão que nunca está à seu alcançe
desprendei da dor, ela só é útil na guerra
não no amor, não na inconstância
saltar do armário não vai matar a flor
está alastrando a primaveira
tem coisas que não foram feitas para se entender
isso não leva dor, não leva dúvida
não leva tinta, nem dá pra se colorir
deixe as estrelas com seu astral
 parte de ti já se desprendeu, não deixe que se parta
não deixe que se prenda, deixa correr amarrada no vento
beira flor, a sépala beija o cálice mas não quer se mostrar
você que nem beija nem beira
mas está nos pés sem se tocar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

quente tá afim

pode-se dizer que sim
um vão de tons claros
um quarto com belos quadros
sem paredes brancas porque enoja
pode-se fazer de sim
com as janelas expostas às boas lunetas
dispostas a não olhar apenas planetas
que possam por fim nessas persianas
frustradas pela cor amalera
embebidas no liquor pode-se dizer que sim
pode abrir as janelas
dar palpite à qualquer artista
articular a dor na moldura e no papel de um arquiteto perfeccionista
pode-se dizer que sim
pode brindar o não quebrar das taças
e sorrir por esvair as minúcias quase que de graça.

A braga

começa aqui o tempo, a voz magra despertou para o canto
despedido o tédio de encontro ao alento
que os vulgares estejam a postos, de espelho no bolso e de bolso na mão

fora já os destroços da velha e falsa confiança
pelo ventre virgem nasce a verdadeira atitude sã: a fé
de acordo com os glorios das derrotas das infâncias

não ao sim infame, talvez também ao se em doses prepotentes
desgostos já lavados e aromatizados pelas jasmins
ébrio pelo humilde, cabal, soturno e resiliente
fervoroso pelo que me denuncia os despotismos inúteis e renunciáveis


por fim ao desejo que me basta
a infindável braga da ambição
começa aqui o tempo
a era do tempo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

à luz na nua

essa carinha de à luz sobre a lua
pode não lembra de que lado vem o dia
pode disfaçar pra se abrir fazendo à luz da manha
acorda já nua rodando pela casa como à luz entrando na varanda

esse cheiro é o degustar da lembrança
doce que me força a sorrir
que não me deixa abrir mesmo quando tento chorar

em dois olhos não cabe uma fantasia
num corpo que o sol não bateu de dia
as sombras não podem se formar

sem porque tuas mãos nos meus olhos
se já sou cego só de tentar abrir
os lábios pra serem as nunvens úmidas e tardias.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

sálvia

eu senti os dedos desbotarem as notas
dissiparem as fibras do teu tecido
se espalharam os fios do algodão egípcio
denotaram algo no sorriso derramado
nos bolços do moço que podera pagar
laços apertados em versos de cor arisca
alfinetada bélica, poeira de pólvora subindo no ar
preenchendo o terraço, descendo a escadaria de marfim
pelo vermelho, verão espesso, cor que ainda arde sem fluir
sai claro da loça e da poça que o salto deixou de brilhar
notar, dissolver homens em infatarias de charme
logotipo de alça fora do tempo
assim cai o alento do que foi uma noite
uma sálvia murcha não balança mais com o vento.

esvair

brincar de contra-mão fica muito dificil
mas pular duas páginas já é impossível
paciência para o tédio, eu acho esquisito
imprópia como vícios temáticos

pode ser, mas a paz também não é resposta
esqueçe, afoga e se embebeda com as ondulações do ar
voz pra mentir para si não vai tampar
nem o buraco que as manhãs poderiam suprir

sereno ar de voz imerso
na vertigem de um calor expresso
não vai mudar...
pode até mimar, porém sonhos não são para serem dormidos
são apenas para serem sós.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

o ferro do olhar

Por quê assim você não entende?
a sova, a sola que me debruça nesse olhar
o mesmo que arde mais que o ódio ou repele a luz nascente
antes fossem mil palavras secas de amor
anti o doce e sensível toque de minhas armas no chão
disparando a chuva e emergindo a lama
e antes do princípio toma meus olhos como imersíveis e permeáveis.

sábado, 1 de janeiro de 2011

fino e letal

Em suma, sou esguio à anti-natureza
adepto da arte que brutamente pouco se lixa de ser vista
por ironia do ego, este compõe-se numa malha fina
compelido à escamotear o rubor da derrota, alheio a dor
empapado no sono que atenta contra a virgília do soldado
o qual guarda o medo da morte no mesmo sepulcro que guarda o amor à sua casa.