segunda-feira, 30 de maio de 2011

sangue do destino

Esse corpo solto parece baile de ilusão
os vértices pontilhando o sangue parecem abismos para a fonte
 e se esse corpo é pecado, estes olhos são tristezas certas
abraço: dívida de promessa aberta
só que deixa em questão minha dor
dúvida decrépita da solidão

deixa,  que beijar os pés dessa revolta vai abrir os mares da canção
da alegria na hora certa de cair no chão
e começar a gritar com o céu
que não quer abrir pra no cedo desaguar os diamantes
da minha criatura;
 da natureza

minha flor-de-vida
não se queixe do sol
deita nele, se sentar vai moer o grão de ilusão
vai moer as perguntas desse amor divino
e deixar de crer é o primeiro passo pra ficar a beira da sorte
porque sou nascido do ventre do destino
meu ego é uma crina de cavalo incerto
deslizando na verdade do sertão dos invernos de espinhos

esse sangue do meu amor é suor da carne...
os tristes procuram a dor, enquanto eu procuro o sangue do destino.

sábado, 28 de maio de 2011

As vestes

Que nada sobre, que nada passe
que cada cadafalso seja o lugar de toda resignação
Em nada falte-me astúcia
E que a lógica do mundo seja minha ilusão

Desde cedo deixei de lado as vestes
as joguei na imundice da solidão
 tão rápido foi o lapso que me fez sentir falta delas
certamente foi o frio da mudez

Esta nudez me fez ser o decrépito de sodoma
 inerte ao fluxo da paixão
servente da virtude do fraco
somente compaixão.

Eis que fluí no inverso das palavras que me transcrevem
Minha lâmia cega corroí-se na caverna.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Fome de querer alma
É fazer de grande os grilos que fustigam a calma
Fazer e não deixar que seja feito, ainda que outro o queira e o faça com mais perspicácia
Nesse fazer o que se tem é inesquecível, ainda que bem ou mal, ainda que não implique em nada
Pois o que se faz é simplesmente o mundo de dois seres descalços
onde cada sonho é um passo para morte e uma viga de ilusão
que nos sustenta o imaginário enquanto nega a razão
Somos apenas o quanto seremos expostos
e nada de amor, apenas o quanto.

domingo, 15 de maio de 2011

eis o vértice contra o qual insurjo, contra o qual teimo em bater minha cabeça para que então sangre aos montes o meu ser. É um vértice desconhecido, desencantado e doloroso.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A faca do desatinado

Faca bamba do destino
corte meus pés quando badalar o sino
sou um equivoco da razão
e a loucura é uma palavra pequena para imacular meus erros,
entretanto não sou filho hibrido dela
não posso desdenhar do tempo,
ele corre rente a minha pele quando o sol está alpino.
Faca bamba do destino rasga o ventre desta meretriz
 faça-a romper com esse desdém ingênuo
que de nada vale enquanto venero meus santos
estes que me dão a graça de dar a face como amolador dessa faca sã
para que meus pecados possam ser espiados divinamente ante o espelho.
Faca lúdica do destino encorage-me a ter-te em punho
para matar quem te criou
sem escrever, nem traçar com meu sangue meus passos desatinados.