quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

agonia e alegria

as palavras parecem ser feias
como tudo que cerca essa mesa
como se tudo não fosse pra ser
como se tudo me fizesse crer que não sou o bastante
mas eu perdi meu ar de querer
não foi só a primeira vez, mas mais que a esperança podia suportar
bem, ainda não perdi a ambição
ainda não perdi a dor
tenho as letras pra ti falar
que não há nada melhor que suportar
pois um sorriso quando é, tem bem mais alegria
uma lágrima quando cai tem bem mais agonia
um amor quando nasce é bem mais que uma vida é uma prisão feliz
então deixa o dia passar sem deixar o tempo correr
não há, não há, é mais pelo sucesso que pelo amor
mas não há amor em min, não sei do que sou capaz
continuo a fazer, a criar, a morrer
por fim, não! não! quem quase vive não morreu, é mais vivo do que aqueles que dizem estar felizes.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

keep you in lover's past

O amor já foi uma palavra bonita
daquelas que marcam como ele
tendo sempre aquele gosto de ambição
disposto à transtornar os demônios
e então gostar da vida...

O amor já foi menino
 daqueles que ajudam à elas
levando sempre uma mentira no sorriso
supondo vigorar feliz estando desperso
e então foi a vulgar alegria que deu cor a vida...


O amor já foi, mas não era presente
confiança é a pior chaga que ele carregava, que nós criavamos na nossa pele
suprindo a demência do ego, demasiada pobre
e essa pobreza não leva a essência.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

lover

paixão
homem prendado como a delicadeza
intromissivo sem muita permissividade
 atento ao insulto de um pequeno lapso
insento de muita compaixão
contudo transpira a face da contudência de um sorriso
suave
lamparinas verdes ao lado da banheira
esparsso sobre as ambivalências
sopro de razão enxuto como o ar da ambição
seco, mas úmido pelos olhares
paixão, tarde e lúdico

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

alegorias impróprias

estou sentindo a ambição alegre das manhãs
não estou dormindo para poder vê-las acordarem suaves
cada uma cheira como deve
como seria se não fossem frias?

confundindo a libertação da sensação de ouvir-las
sentido livre por enquanto, mas preso por fora
pelos olhos que não querem juntar as alegrias
 juntar as agonias de quando não querem se fechar

tem muita alegria em poucos desejos
tem muita alegria em poucos motivos
tem muito alegria em muita agonia
juntar-se a min diminuirá essa tua alegria imprópria.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Travessa

belo talvez só fosse um nome pra se dar aos filhos das amantes
que pouco se cansam na travessa da alegria
elas cativam essa voz como açucar que vai melar a boca do copo
que vai beijar a boca da noite, que vai brindar o encontro do cedo
na harmonia do medo, na maestria do amor
que nada tem a ver com esse conto de amantes
apenas luta com a pena do poeta, alfineta no chápeu do petulante
em nada tem o viver lá na travessa dos moços da alforria
que as estrelas foram soltas no céu, da agonia vem os gestos pulando da roupas
dos meninos que primam pela tristeza no peito
da amada que guia os pratos e os novos meninos na travessa das belas.

desnudado

O descontentamento me provocou o instinto, dele jamais posso escusar parte da meu cosmo. É na mesma fonte que me alimento, a mesma que me tomba, pois posso tentar entender-la, mas ela é corrente, chega até min com um furor estupendo, passa por min resplandecente e evacua de min sublime. ela jorra de um vaso que não foi criado.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

faça-se em mente

solver os livros em entrelinhas
pra escrever a entonação que se perde
por entre os ares sem jeito
de caber nos lares do peito
de toda essa vida que não posso deixar morrer

como os sonhos por detrás do armário
 são brinquedos esquecidos
deixaram de dar prazer
no que agora a cama dar lugar
mas por que ainda perguntam:
quem é você?

eu sei dizer blá blá blá
já sou o homem que quero, só que não quero ter um filho
talvez ele possa não me entender assim como os olhos dizem
podem até estar certos, mas não podem tirar meu prazer de apertar na mesma tecla
desse piano... de tal engano que não estou afim de chorar

já basta, não vai descer
recuse-se do seu própio porque
meus filhos não vão ouvir está merda
guarde no fundo do seu antiquário.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

pensamento à respeito da acomodação

a maior revoluçao dos nossos tempos é a de modificar-se sem perder a formar, dúvidar e continuar tendo fé, errar e continuar errando, eis que estou viciado numa mesma tecla, mas dela tiro diversos tons.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

solstício

o chão, o sol, a rua, a flor, o céu
tenho que suprimir
o jardim, as estações, o caos, a pluma
tenho que suprimir
as frases, as fases, as cores, os sonhos
tenho que suprimir
o amor, a fé, a dor e o solstício
temo não poder suprir suas ausências
não cabe mais vasão no meu ocultismo
abrande o sétimo sentido e depois conversamos sobre desenganos.

Rabisco da alegria

não me impeça de fingir que quero
porque ao seu lado sou suave
sou a dúvida da sua mão que nunca está à seu alcançe
desprendei da dor, ela só é útil na guerra
não no amor, não na inconstância
saltar do armário não vai matar a flor
está alastrando a primaveira
tem coisas que não foram feitas para se entender
isso não leva dor, não leva dúvida
não leva tinta, nem dá pra se colorir
deixe as estrelas com seu astral
 parte de ti já se desprendeu, não deixe que se parta
não deixe que se prenda, deixa correr amarrada no vento
beira flor, a sépala beija o cálice mas não quer se mostrar
você que nem beija nem beira
mas está nos pés sem se tocar.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

quente tá afim

pode-se dizer que sim
um vão de tons claros
um quarto com belos quadros
sem paredes brancas porque enoja
pode-se fazer de sim
com as janelas expostas às boas lunetas
dispostas a não olhar apenas planetas
que possam por fim nessas persianas
frustradas pela cor amalera
embebidas no liquor pode-se dizer que sim
pode abrir as janelas
dar palpite à qualquer artista
articular a dor na moldura e no papel de um arquiteto perfeccionista
pode-se dizer que sim
pode brindar o não quebrar das taças
e sorrir por esvair as minúcias quase que de graça.

A braga

começa aqui o tempo, a voz magra despertou para o canto
despedido o tédio de encontro ao alento
que os vulgares estejam a postos, de espelho no bolso e de bolso na mão

fora já os destroços da velha e falsa confiança
pelo ventre virgem nasce a verdadeira atitude sã: a fé
de acordo com os glorios das derrotas das infâncias

não ao sim infame, talvez também ao se em doses prepotentes
desgostos já lavados e aromatizados pelas jasmins
ébrio pelo humilde, cabal, soturno e resiliente
fervoroso pelo que me denuncia os despotismos inúteis e renunciáveis


por fim ao desejo que me basta
a infindável braga da ambição
começa aqui o tempo
a era do tempo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

à luz na nua

essa carinha de à luz sobre a lua
pode não lembra de que lado vem o dia
pode disfaçar pra se abrir fazendo à luz da manha
acorda já nua rodando pela casa como à luz entrando na varanda

esse cheiro é o degustar da lembrança
doce que me força a sorrir
que não me deixa abrir mesmo quando tento chorar

em dois olhos não cabe uma fantasia
num corpo que o sol não bateu de dia
as sombras não podem se formar

sem porque tuas mãos nos meus olhos
se já sou cego só de tentar abrir
os lábios pra serem as nunvens úmidas e tardias.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

sálvia

eu senti os dedos desbotarem as notas
dissiparem as fibras do teu tecido
se espalharam os fios do algodão egípcio
denotaram algo no sorriso derramado
nos bolços do moço que podera pagar
laços apertados em versos de cor arisca
alfinetada bélica, poeira de pólvora subindo no ar
preenchendo o terraço, descendo a escadaria de marfim
pelo vermelho, verão espesso, cor que ainda arde sem fluir
sai claro da loça e da poça que o salto deixou de brilhar
notar, dissolver homens em infatarias de charme
logotipo de alça fora do tempo
assim cai o alento do que foi uma noite
uma sálvia murcha não balança mais com o vento.

esvair

brincar de contra-mão fica muito dificil
mas pular duas páginas já é impossível
paciência para o tédio, eu acho esquisito
imprópia como vícios temáticos

pode ser, mas a paz também não é resposta
esqueçe, afoga e se embebeda com as ondulações do ar
voz pra mentir para si não vai tampar
nem o buraco que as manhãs poderiam suprir

sereno ar de voz imerso
na vertigem de um calor expresso
não vai mudar...
pode até mimar, porém sonhos não são para serem dormidos
são apenas para serem sós.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

o ferro do olhar

Por quê assim você não entende?
a sova, a sola que me debruça nesse olhar
o mesmo que arde mais que o ódio ou repele a luz nascente
antes fossem mil palavras secas de amor
anti o doce e sensível toque de minhas armas no chão
disparando a chuva e emergindo a lama
e antes do princípio toma meus olhos como imersíveis e permeáveis.

sábado, 1 de janeiro de 2011

fino e letal

Em suma, sou esguio à anti-natureza
adepto da arte que brutamente pouco se lixa de ser vista
por ironia do ego, este compõe-se numa malha fina
compelido à escamotear o rubor da derrota, alheio a dor
empapado no sono que atenta contra a virgília do soldado
o qual guarda o medo da morte no mesmo sepulcro que guarda o amor à sua casa.