segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Há uma necessidade imensurável de falar, de se fazer o contraditor, ainda que não seja o apropriado, ainda que não se pense aquilo. Querer balbuciar algo que apalpe a alma, Somente denota a vontade ser visto, e sobretudo, ser lembrado com afinco. Porque hoje há, dentro de cada ser, uma vontade de ser artista, e é por causa dessa vontade sem vasão que mais vale a moldura a imagem propriamente dita.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A fecundidade do olhar

Diante da fecundidade dos teus olhos me senti vencido. Aos poucos, minha percepção, ainda que depurada, não foi perspicaz para vislumbrar a derrota como algo ruim. E assim, algo notório passa por mim despercebido, ao contrário da dor, sobretudo da dor que dói, e que jamais passa fácil e desapercebida de sofrimento, passou-se por entre as minúcias da pele sem deixar nem pétala, nem espinho. Apenas a indiferença dos olhos que perderam, ao menos pra mim, a fecundidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Universo controvertido

   Hoje nada terá seu rosto, nada poderá ter sabor de maçã. Visto nosso quadro caído, vejo que é inestimável o lapso temporal da tua demora pra aflorar em mim o cinza. É inafastável a cólera que pusera sob os nossos lençóis, nada podes senão crer que um passo a frente será melhor que olhar pra trás. Contudo, nada ti impede de crer em algo diverso, nada te prende a esse universo do controvertido. É triste, mas a distância aclara, o medo supre, o verso corre sobre o campo livre, e a pele, a pele dorme na sombra da macieira que tanto pretendo derrubar. Nessa hora de cansaço, ainda que contra a vontade, até o detestável serve de conforto. 

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Na noite, palavras insurgindo na pele
imagens alegres, outras torpes, algumas apenas se formam
Deixando claro o vulto de um amor que passou
Deixando acinzentado as lamúrias que o nutriram

cadeiras sem assento no salão da solidão
desarrumação em cena
saltos melindrosos deixam tocar no ventre a paixão que sobe
Nada importa, nada quero, meu único esmero é com tua beleza

O rebuliço está em cena...
amanha nada saberei de coisas que vivi, de unhas que pintei. nada esta pra vir. e o melhor de cada dia ainda nao vivi... so que com voce por perto posso desvendar tudo que quero pra mim, como o futuro numa flor que esta pra se abrir

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Flores nas mãos

   Ando com flores na mão. Pois que, bem armado posso andar com a mente segura de que nas mãos há boas palavras. Boas razões pra se dar a quem vive atribulado com a robusta desgraça do viver. Posso lhe oferecer uma de minhas mãos para que possamos segurar juntos estas flores, mas jamais poderei ti oferecer todo meu poderio bélico. Sem ele jamais poderia ser manso, jamais poderia surrar os pontos controvertíveis da vida, jamais poderia viver com o sorriso da negação da dor que carrego no peito. Jamais, ao menos no princípio, poderia ser cego pra amar sem notar o tempo que perco ao dar a mão ao incerto.
    É gasta, a pele da mão está gasta, não tens razão em dizer: " que nada, isto é coisa de tolo". O tempo é a face que cada um molda como quer, maquila como quer, estraga como bem entende. Se me concebes como tolo por andar com flores a postas, e com os olhos na vanguarda da chuvas torrenciais. Logo logo, me vingarei quando tiver que passar esta mão gasta no teu cabelo desonroso, e tiver que consolar teu desgosto com meu gosto de andar com flores nas mãos.
   E, se ainda assim, não estiveres pronta para reconhecer a serenidade das flores, restará na minha pele uma, apenas uma, marca da ausência do teu espinho na minha pele.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

As faces

Posso pinçar da tua face uma emoção sã
e ela não se comparará a vivacidade que minha face pode transfigurar 
Pois, na minha face podes sentir o vento advindo da janela do meu abismo, uma saraivada de emoções
as quais não seguem nem a solidão de uma moral bastarda, nem a face pálida do bastardo

Vejo-te pintando tua face para que não a vejam desnutrida
ela não tem marcas, mas a lástima alheia é também a mácula inimiga
que inunda a vertente rósea do ser

Fingir derrubar sem querer, o frasco de perfume na minha tez 
não fará sanar a mácula vilíssima  que os outros em mim projetaram
sequer fará exalar o a minha essência

Porém, prepara-te. vejo na tua face as contrações do parto
então arremate o prazer enquanto te toco, arrebate os destroços da minha face
neste instante em que apalpo teu ventre, espero que concebas a realidade
ou, ao menos, uma de suas faces, ou mesmo, a melhor delas.