terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sérpia


Escadas para subir em baixo do pensamento
 No infortúnio da razão, onde está o amor?
Nas coisas simples que deixaram de existir
No mero esmero de toda frustração
Por que sóis loucos?
Por quantos sóis rouco uivando uma traição
Por terra a deixa da paixão, pegadas no peito, coceira no córtex das emoções
Por que não vejo espelhos?
Lúcifer e Zeus pactuaram meu medo
Cansados do prazer, inventaram a ilusão
O reflexo do sertão como um anjo andrógeno
Que brinca entre cactáceas e arbóreas
Sentimento bissexuado
Que todos cantam com a alma
É mentira
A estatua grega é vazia como o planeta que pintaram em forma de mulher.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

o passado

Eu só penso em forjar o tempo
Passando a noite lembrando tapes
Trocando tampas, alardes esquisitos
Ouvindo barulhos de mundo desmoronando no quintal
Lendo sobre o Wood stock ou woody Allen
Eu não entendo a primeira que dirá uma terceira
Estou com os dois pés na terra com nenhuma bondade na mão
Já foi o tempo que eu me tive, agora sou o tempo sem horas
Tudo é fração, até meus dedos fracionam o amor
Cordas, notas, vocais
A cafeína do teclado é a cinza do piano
Já se foram os anos, agora vamos em vias sem mãos
Só o caminho é o passado que nunca vamos deixar de viver
A light night live inside of me
and I won’t remember what happened
whatever, I don’t mind, I’m the Mrs. Time
I just know what is the past

crueldade do per si


A palavra início é trágica como a morte
Apesar de passar o relutante anel da renascença
É cruel como a areia no lóbulo de um bebê

Da dor, inova as farsas, mas é uma luz cercante
Ceifadora de paixão
Culmina no medo da virgem

Do novo, do tempo, de alguém sem jeito
Esse seu amor
É reprimido

out of the bubble

Zombe da maré que não vai bater na sua porta
Então entoe a flauta dos desencantados
Nada agrada sua fome por ego
Nada tem ego suficiente para engrandecer seus olhos cegos

Flerte com a loucura e permita mais um level up de êxtase
Pode viver seus pesadelos em paz
Ninguém vai roubá-los, eles estão em você
Nem Deus pode tirá-los, curta-os no seu dia down

Você aprenderá a morrer todo dia
Esvaindo-se da dor, remando com rancor
Contra a fé, contra a natureza, contra o jazz dos bares românticos.

o jarro

você pode até se apaixonar por um ator, mas , nunca se atreva a fazer isso por um poeta. Ele sabe que sentimentos não são paleos para palavras, principalmente as que ele mantêm no mesmo calabouço de seus pecados . Ele é capaz de criar o jarro mais belo, que nem em toda mitologia grega fora visto, nele , ele aprisionará seu coração, deixando-o como um simples enfeite decorativo na instante de uma de suas avulsas paredes. apenas mais um artefato.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

amedrontei a mim

Eu quero matar
Quero ser peçonhento
Contra toda asneira e vento de ares sem gosto
Frívolo, não ser frevo, cor de brava aventura
Meticulosamente entoado sob a morte do inútil

Nas ruas vazias, nos pátios lúcidos
Saco cheio de tanto nada
Sorrir por sorrir é o mesmo que matar por matar
Não ter brilho pra seguir
E queimar no vento as chances de voar

a dor do ego de Kafka
Era ver a única raça morrer por falta de si mesmo

finado


Um segundo sem uma nota
Um milésimo sem sambar no teu parfum
É um mistério do baile de 30
Fantasia de sonho de infância
Nem sei explicar, só de pensar já dói no meu peito
 Quanto tempo junto, apenas por par, unindo as magoas, equalizando a amizade
 Encontrando abrigo no ombro do lado esquerdo
Apenas um anseio e a saudade de conviver ao menos um dia.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

falar de amor

Minha poesia nao pode falar de amor
senao me lembro do que te dizia
e de todas fantasias que nao pude usar no carnaval

nao consigo nem falar de paixao
que antes era tao facil
so que agora  o verso que faco
expressa minha voz, essa rouca solidao

me deixa dar um passo
pular dessa ponte, cair do navio
qualquer passo que ande
em qualquer velocidade, em qualquer direcao, pra qualquer horizonte
pra longe de ti

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

por ser tão fiel a min, acabo me voltando contra meu eu alheio
começo interrogando as cisões e os anseios
e acabo odiando meu eu no outro...minha perfeição.

sábado, 13 de novembro de 2010

oil and soul


Quando é real não há como escapar
Não há lugares para viver
O gesto mais puro de felicidade;
Não vou aparentar
Eu preciso ter, eu quero ser...
Eu quero te esquecer
Não vou mais te tocar em pensamento
Não há um sentimento no vazio esguio do meu peito
Não há medo, apenas sua lembrança seca
Que efervesce o meu ar de frio
E resvala meus dois lados de homem

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Fim

Dedos frios, quase anestesiados, quase não consigo esticar-los até os sinos que tocam como aldrabas do pensamento. A energia desse sonho está em não ceder, mesmo que as água dos olhos embassem a fé, embasem a dor.estamos apenas no inicio.

sábado, 6 de novembro de 2010

arredio

bem, há um cego assim
que sabios caem na tentação
que olhos caem como cães sem lar
caem todos na coragem da duvida sádica

essa vontade de ser
será só mera canção no pátio da mente?
a gente nem sente, nem sente
as sortes de não cair em qualquer vão

o desgosto de não conseguir
encaixar no peito um coração
da desadouro de voltar a infância
um amargo com gosto de solidão

foi um estralo do tempo
não consegui fazer uma simples canção
o calor é caro mais que amor
dói como a despedida da satrapia

soluço com sabor de despedida
da terra ardente de cazukuta
um amor de cor, brilhava na alma enquanto saldava os males
cilios postiços, cortes do andar, fui deixado em cartago
um lustre de sonhos abadonado no teto do teu quarto, no teu redil.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ensejo frívolo

Esquece tudo, deixa pegar fogo
Cartas e sentimentos um dia vão queimar no vento
Sem perceber acelerar o tempo
 Porque o plural do pensamento é apto, a não ser
Sob guarda da discórdia, dos entorpecentes e das horas
Que escrevem contos reais

Solta esse limbo sádico
Abstrai das hortas dos lavradores
São pequenas demais para cultivar o nosso grão de desilusão
É melhor estender a alma quando a calma quiser se perder no sol
Deixa livre como nunca fui, seja frívolo ante a continência da solidão

Essa palavra me dói no ensejo de sua significância
A palavra que me acompanha mesmo estando sozinho
Tão igual ao sorriso comum que distribuem ao longo do dia-a-dia

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

o limbo do amor

lampejo de cedúlas veganas de desejos
sobrepujando a corda bamba do medo
eu te desejo na minha chama
eu escrevo pra encantar teus mares
arrepiar tuas flores
e espantar teus males
ninguem verá que entre nós rodeiam serpentes
vermelhas, cor de sangue queimado
no jardim do seu quarto.