sábado, 3 de novembro de 2012

Não quero sair da cama

   -Eis que uma janela se abre, você se senta na frente da televisão, mas não quer ficar ali sentado, vendo aquilo. você quer ver a janela se escancarar mais. Daí, As nuvens cobrem o sol, os galhos se batem com mais força, intimamente você sabe que paira no ar um dia incomum. Sua percepção para as coisas mundanas está mais aguçada, você sente a noite chegar, os olhos quererem se fechar para acordarem no deleite do alvor que está por vir. Porém, esta primeira luz da manhã é esperada, não somente pela singela tranquilidade que traz consigo, mas sim pela forma que entra dentro de casa e inaugura um dia repleto de novidades num horizonte que finalmente está pronto para se sentir, no ponto de ser captado. É nesse exato instante que passa pela sua cabeça que Deus decidiu lhe oportunizar com um novo amanhecer, que agora é a hora de se saber o que se passa na mente de cada pessoa que cruza-te o caminho, de ouvir o que a parte mais ferida de cada ser lhe tem a acrescentar. Nota-se a partir daí, uma perspectiva inamovível da vida que lhe é inata, qual seja a alegria que insurge na maneira de se sentir diante das coisas simples. Existe um alívio que somente a alma humana pode sentir, um suspiro profundo no qual inspira-se muito mais que ar aspirado pelos pulmões. Sabe-se do conteúdo daquilo presenciado, não mais a forma, que já fora o mais imperioso, hoje não é mais. Abotoa-se o colarinho da camisa com uma certa destreza, está claro o pretendido com a firmeza de um gesto aparentemente vulgar. O curso do dia avança, o correr do relógio é perspicaz, contudo é fácil de se perceber a tentativa de conter a pressa, de parar pra ver as vidraças dos arranha-céus sendo asseadas, ou mesmo assistir a voracidade estúpida de motoristas que fazem seus motores urrarem na iminência de o semáforo sinalizar o arranque aguerrido de seus veículos.

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